terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Quilombos e Resistência: Trabalho com Maquetes 2014.


Como de costume o projeto Laboratório de História aparece no conteúdo do blog, assim como no conteúdo da sala de aula. Quando pensei em criar o projeto em 2011 minha intenção era criar uma experiência duradoura para os alunos, de modo que seus trabalhos tivessem alem de um significado acadêmico um significado lúdico e prazeroso, que estimulasse a pesquisa e a criatividade ao mesmo tempo, e mais que isso, que resultasse em trabalhos únicos, impossíveis de ser cópia ou copiados.

Permitam-me explicar. Certo dia, no auge de meus dez anos de idade indo para a escola com meu primo no período perto do final do ano, sendo assim, reta final escolar, do limiar
da exaustão pensativa, no ímpeto de meus esforços reflexivos,  pelo menos era assim que eu me sentia. Então, como a maioria dos de minha idade eu estava focado, entenda focado como amedrontado e exausto com as provas finais. Meu primo compactuava de minhas angustias, mas com uma naturalidade única que veio com ele de fábrica ele estava sereno, assim no trajeto até a escola ele falava muito mais que eu, foi então em um momento de silencio que veio uma questão da qual eu nunca havia pensado. Uma pergunta típica de criança, mas que eu ignorava até então.

Vejam vocês, quando se tem dez anos os questionamentos costumam ser de uma simplicidade evidente, mas não por isso, menos profundo, ao modo de uma criança é claro. Vejam só vocês, entre minhas preocupações estava a morte do Jiban ou do Black Kamen Rider, dois de meus heróis da época, alem de me perguntar onde estaria meu gibi favorito ou minha bola de gude perdidos em meio a bagunças debaixo de minha cama, me perguntava por que as personagens da Caverna do Dragão nunca voltavam para casa e por que o gravador do Lucas Silva e Silva nunca gravava nada,  mas acredito que minha preocupação maior naquela época era se o Jaspion iria reunir ou não todos os pássaros dourados e se o Batman iria escapar das artimanhas do Charada naquela semana. Mas não pensem que mera futilidade invadia meus questionamentos caros leitores, não posso deixar de observar que foram estas preocupações sobre o futuro e passado destas narrativas empolgantes, além de indagações profundas sobre tempo e espaço de bolas de gude e revistas de quadrinhos, que iriam  influenciar gostos por política, ética, cultura e História em um certo professor mais para frente. Mas vamos retomar os acontecimentos de uma tarde de fim de semestre onde dois garotos de dez anos conversavam indo a escola.

 No meio de um silencio espontâneo entre estes dois meninos, meu primo me fez uma pergunta indagadora. - Você está ansioso para chegar ano que vem? Logo respondi. - Normal, acho que sim. Que resposta poderia dar a ele melhor que essa? Mas então fui surpreendido com o raciocínio dele, com o que ele me diria. - Eu estou ansioso, ano que vem estaremos na quinta série. Vejam vocês que coisas audaciosas passam nas cabeças das crianças. Mas ele não parou por ai, pois o melhor viria depois de minha pergunta a ele. - E dai, respondi indagado. - Você não sabe que no ginásio (era como chamávamos o PEB II, ou fundamental II na época) os alunos fazem maquetes! Você não viu as ocas de índios e os sistemas solares deste ano? O que poderia dizer a ele depois de tal reflexão. É claro, pensei. O ginásio significava uma nova etapa de nossas vidas, uma etapa de crescimento, estávamos crescendo, ficando grandes, mais responsáveis, e nossos trabalhos de escola seriam também elevados e essa nova categoria, a categoria de deixar de ser criança. Mas só um pouco, pelo menos na época. Fazer maquetes na escola queria dizer que não éramos mais as crianças da escola, alem de demonstrar também toda uma habilidade que a comunidade escolar inteira iria prestigiar. Lembro-me de ver os professores reunirem todos os alunos para ver e explicar os trabalhos, não só de história ou geografia, tínhamos a ciência, teatros, revistas e toda uma gama de atividades que uniam a sala de aula com a vida pratica, ou não, mas sobre tudo, incentivando a criatividade aliada ao conhecimento científico, que é a forma correta de se ensinar e aprender.

Foi pensando nessas experiências que resolvi criar o projeto Laboratório de História, e talvez trazer aos alunos um pouco da sensação orgulhosa de realizar um trabalho escolar e quem sabe guardar esse momento na memória.

As maquetes sobre Quilombos desse ano superaram todas as minhas expectativas. Os trabalhos foram realizados pelos alunos do 7º ano da escola Jardim São Francisco e são de longe os melhores já realizados dês de que criei o projeto. O que obviamente me deixou nostálgico e feliz, como puderam ver caros leitores. A criatividade e o nível da representação cultural e história foi notável, o formato do trabalho seguiu a velha receita de bolo do projeto, uma etapa escrita com perguntas pertinentes ao tema em um trabalho em grupo, seguido de atividades individuais em sala sobre o tema, e finalmente uma etapa final de conclusão do projeto, as maquetes. Claro que tivemos aulas expositivas sobre montagem de maquetes de modo a sugerir ideias, conceitos e materiais para a realização do trabalho final. E o resultado de tudo isso foi um montante de 18 trabalhos magníficos, fruto da criatividade, determinação e aprendizagem destes jovens.

Agradeço a todos os alunos que participaram e a toda a escola que prestigiou os trabalhos destes jovens determinados. Ao final da exposição premiamos os três melhores trabalhos julgando nos quesitos representação, capricho, utilização de legenda e participação do grupo pelos professores de História, que vos escreve, de Geografia, Letras e Artes.

 Assim, sem mais delongas, seque a baixo os trabalhos incríveis sobre Quilombos dos alunos do 7º ano do Jardim São Francisco. Agradeço a você que acompanhou a leitura até aqui, espero que você tenha se divertido ou entusiasmado com os trabalhos e minha narrativa, e se por acaso você também passou por experiências escolares parecidas comente nos comentários. Muito obrigado por acessar o blog, tudo de bom.






















Atividade 2013
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Atividade 2011
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A Consciência Negra  e o Brasil Afro
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