Como de costume o projeto Laboratório de História aparece no conteúdo do blog, assim como no conteúdo da sala de aula. Quando pensei em criar o projeto em 2011 minha intenção era criar uma experiência duradoura para os alunos, de modo que seus trabalhos tivessem alem de um significado acadêmico um significado lúdico e prazeroso, que estimulasse a pesquisa e a criatividade ao mesmo tempo, e mais que isso, que resultasse em trabalhos únicos, impossíveis de ser cópia ou copiados.
Permitam-me explicar. Certo dia, no auge
de meus dez anos de idade indo para a escola com meu primo no período perto do
final do ano, sendo assim, reta final escolar, do limiar
da exaustão pensativa,
no ímpeto de meus esforços reflexivos, pelo menos era assim que eu me sentia. Então,
como a maioria dos de minha idade eu estava focado, entenda focado como
amedrontado e exausto com as provas finais. Meu primo compactuava de minhas
angustias, mas com uma naturalidade única que veio com ele de fábrica ele
estava sereno, assim no trajeto até a escola ele falava muito mais que eu, foi
então em um momento de silencio que veio uma questão da qual eu nunca havia
pensado. Uma pergunta típica de criança, mas que eu ignorava até então.
Vejam vocês, quando se tem dez anos os
questionamentos costumam ser de uma simplicidade evidente, mas não por isso,
menos profundo, ao modo de uma criança é claro. Vejam só vocês, entre minhas
preocupações estava a morte do Jiban ou do Black Kamen Rider, dois de meus
heróis da época, alem de me perguntar onde estaria meu gibi favorito ou minha
bola de gude perdidos em meio a bagunças debaixo de minha cama, me perguntava
por que as personagens da Caverna do Dragão nunca voltavam para casa e por que
o gravador do Lucas Silva e Silva nunca gravava nada, mas acredito que
minha preocupação maior naquela época era se o Jaspion iria reunir ou não todos
os pássaros dourados e se o Batman iria escapar das artimanhas do Charada
naquela semana. Mas não pensem que mera futilidade invadia meus questionamentos
caros leitores, não posso deixar de observar que foram estas preocupações sobre
o futuro e passado destas narrativas empolgantes, além de indagações profundas
sobre tempo e espaço de bolas de gude e revistas de quadrinhos, que iriam
influenciar gostos por política, ética, cultura e História em um certo
professor mais para frente. Mas vamos retomar os acontecimentos de uma
tarde de fim de semestre onde dois garotos de dez anos conversavam indo a
escola.
No
meio de um silencio espontâneo entre estes dois meninos, meu primo me fez uma
pergunta indagadora. - Você está ansioso para chegar ano que vem? Logo respondi.
- Normal, acho que sim. Que resposta poderia dar a ele melhor que essa? Mas
então fui surpreendido com o raciocínio dele, com o que ele me diria. - Eu
estou ansioso, ano que vem estaremos na quinta série. Vejam vocês que coisas
audaciosas passam nas cabeças das crianças. Mas ele não parou por ai, pois o
melhor viria depois de minha pergunta a ele. - E dai, respondi indagado. - Você
não sabe que no ginásio (era como chamávamos o PEB II, ou fundamental II na
época) os alunos fazem maquetes! Você não viu as ocas de índios e os sistemas
solares deste ano? O que poderia dizer a ele depois de tal reflexão. É claro,
pensei. O ginásio significava uma nova etapa de nossas vidas, uma etapa de
crescimento, estávamos crescendo, ficando grandes, mais responsáveis, e nossos
trabalhos de escola seriam também elevados e essa nova categoria, a categoria
de deixar de ser criança. Mas só um pouco, pelo menos na época. Fazer maquetes
na escola queria dizer que não éramos mais as crianças da escola, alem de
demonstrar também toda uma habilidade que a comunidade escolar inteira iria
prestigiar. Lembro-me de ver os professores reunirem todos os alunos para ver e
explicar os trabalhos, não só de história ou geografia, tínhamos a ciência,
teatros, revistas e toda uma gama de atividades que uniam a sala de aula com a
vida pratica, ou não, mas sobre tudo, incentivando a criatividade aliada ao
conhecimento científico, que é a forma correta de se ensinar e aprender.
Foi pensando nessas experiências que
resolvi criar o projeto Laboratório de História, e talvez trazer aos alunos um
pouco da sensação orgulhosa de realizar um trabalho escolar e quem sabe guardar
esse momento na memória.
As maquetes sobre Quilombos desse ano
superaram todas as minhas expectativas. Os trabalhos foram realizados pelos
alunos do 7º ano da escola Jardim São Francisco e são de longe os melhores já
realizados dês de que criei o projeto. O que obviamente me deixou nostálgico e
feliz, como puderam ver caros leitores. A criatividade e o nível da
representação cultural e história foi notável, o formato do trabalho seguiu a
velha receita de bolo do projeto, uma etapa escrita com perguntas pertinentes
ao tema em um trabalho em grupo, seguido de atividades individuais em sala
sobre o tema, e finalmente uma etapa final de conclusão do projeto, as
maquetes. Claro que tivemos aulas expositivas sobre montagem de maquetes de
modo a sugerir ideias, conceitos e materiais para a realização do trabalho
final. E o resultado de tudo isso foi um montante de 18 trabalhos magníficos,
fruto da criatividade, determinação e aprendizagem destes jovens.
Agradeço a todos os alunos que
participaram e a toda a escola que prestigiou os trabalhos destes jovens
determinados. Ao final da exposição premiamos os três melhores trabalhos
julgando nos quesitos representação, capricho, utilização de legenda e
participação do grupo pelos professores de História, que vos escreve, de
Geografia, Letras e Artes.
Assim, sem mais delongas, seque a baixo os
trabalhos incríveis sobre Quilombos dos alunos do 7º ano do Jardim São
Francisco. Agradeço a você que acompanhou a leitura até aqui, espero que você
tenha se divertido ou entusiasmado com os trabalhos e minha narrativa, e se por
acaso você também passou por experiências escolares parecidas comente nos
comentários. Muito obrigado por acessar o blog, tudo de bom.
http://informeaulas.blogspot.com.br/2014/02/atividades-de-2013.html
Atividade 2011
http://informeaulas.blogspot.com.br/2012/08/meu-portfolio-5-e-6-serie.html
A Consciência Negra e o Brasil Afro
http://informeaulas.blogspot.com.br/2014/11/a-consciencia-negra-e-o-brasil.html
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